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IFFar na mídia: professor fala sobre como pensamento computacional atravessa o currículo escolar

Publicado em Segunda, 04 de Outubro de 2021, 08h56 | por Secretaria de Comunicação | Voltar à página anterior

Em matéria publicada no dia 30 de setembro, o site Porvir - Inovações em Educação conversou com Christian Brackmann, professor do IFFar e mantenedor da plataforma Pensamento Computacional. Confira o texto abaixo, publicado originalmente nesta página.

Muito além da tecnologia: como o pensamento computacional atravessa o currículo escolar?

Em ações plugadas ou desplugadas, especialistas ouvidos pelo Porvir explicam como a habilidade está presente em todos os cantos da escola.

Antes mesmo de os computadores pessoais começarem a ser vendidos, o matemático e educador sul-africano Seymour Papert (1928-2016) já previa que as máquinas seriam acessíveis a todos, inclusive às crianças. Em 1971, quando publicou o artigo “Twenty things to do with a computer” (“Vinte coisas para se fazer com um computador”) na revista “Educational Technology”, antecipava como os pequenos poderiam programar os computadores para criar jogos e desenhar, entre outras funções. Nesse texto, surgia o termo pensamento computacional, tão disseminado nos tempos atuais.

“Pensamento computacional não necessariamente envolve só computadores. É a capacidade criativa, crítica e estratégica de saber utilizar os fundamentos da computação nas diversas áreas do conhecimento, com a finalidade de identificar e resolver problemas de maneira individual ou colaborativa, por meio de passos claros, de tal forma que uma pessoa ou uma máquina possam executá-los eficazmente”, define o professor Christian Brackmann, do IFFFar (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha), no Rio Grande do Sul, mantenedor da plataforma Pensamento Computacional.

Christian é um dos autores do Currículo de Referência em Tecnologia e Computação do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), usado como referência para a construção do currículo da educação básica a partir das competências e habilidades propostas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Entre os exemplos apresentados no documento para aplicação em escolas, estão as diretrizes para ensino de computação na educação básica da SBC (Sociedade Brasileira de Computação), que considera “os conhecimentos básicos de computação tão importantes para a vida na sociedade contemporânea quanto os conhecimentos básicos de matemática, filosofia, física ou outras ciências”.

Para além das matérias de tecnologia

Interdisciplinar, o pensamento computacional está presente em diferentes etapas do aprendizado, esclarece Julia Dias, gerente pedagógica da APDZ Educação e Tecnologia. “O pensamento computacional navega por quatro pilares que apoiam a aprendizagem do estudante, para que ele desenvolva a criação, a lógica e a estratégia para a resolução de problemas usando a base computacional. São eles: decomposição, reconhecimento de padrões, abstração e algoritmo.”

Ela detalha cada um desses pilares. “Frente a um problema complexo, o aluno vai usar a decomposição, dividindo-o em partes para resolver um fragmento por vez. Isso permite a atenção em cada etapa. Já quando falamos em reconhecimento de padrões, esse estudante foca nos processos relevantes, no que identifica de comum nesse processo. Já na abstração, ele prioriza um elemento para resolver e, no algoritmo, cria regras, passo a passo, para solucionar determinada questão”.

Para Julia, o pensamento computacional propõe maneiras criativas de identificar um problema e buscar a solução a partir de diferentes competências. “Quando a BNCC traz a temática, incluindo a cultura digital, ela abre caminhos para potencializar o pensamento computacional de ponta a ponta”, diz.

Plugados e desplugados

Christian Brackmann reforça o papel do que chama de “computação desplugada” no cenário brasileiro. “De acordo com o Censo Escolar de 2020, são mais de 23 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental, e 57,9% não contam com internet em sala de aula, 53% não têm desktops e 74% não contam com laptops. Temos uma quantidade imensa de crianças sem acesso à máquina, ao hardware e ao software. Então, a computação desplugada passa a ser uma alternativa para que os estudantes tenham os primeiros acessos ao pensamento computacional”, afirma.

Localizado em Campos dos Goytacazes (RJ), o Centro Juvenil São Pedro é um bom exemplo sobre como o pensamento computacional aparece em diferentes momentos, de maneira conectada ou desconectada. O espaço abriga seis projetos, alcançando 106 crianças e adolescentes, 17 jovens e 190 famílias da região. “Apostamos no potencial desses estudantes para o seu desenvolvimento escolar e isso precisa se dar de modo inventivo, inovador e utilizando todos os recursos disponíveis, sejam eles tecnológicos ou não”, explica a gerente socioeducativa Beatriz Mateus Pereira.

Uma atividade recente do Centro envolveu a construção de soluções para o descarte do lixo, partindo dos pilares do pensamento computacional para criar uma máquina que otimizasse o tempo da reciclagem. “Usamos uma esteira e criamos nichos com suas devidas separações: plástico, vidro, papel e resíduos”, conta Beatriz, destacando o pensamento lógico e a autonomia na atividade. “O pensamento computacional atua na modelagem de uma mentalidade de resolução de problemas que se aplica a várias disciplinas e dialoga com outros campos do saber além do tecnológico. Diria que atravessa para o campo da inovação”, complementa.

O papel das oficinas para os estudantes que ainda não têm qualquer contato com a tecnologia em suas casas é bastante relevante, ressalta o educador social Miguel Ribeiro Alvarenga, responsável pela atividade da reciclagem. “Noto a dificuldade visível de algumas crianças quando chegam aqui sem ter contato com o computador. Mas, a partir das oficinas, elas vão ganhando familiaridade e confiança”, conta. “Hoje mesmo, tivemos dois exemplos: um aluno mais desenvolvido, fazendo as tarefas com facilidade e poucas orientações, e outro estudante que havia acabado de chegar e nunca tinha acessado uma máquina. Vejo aí o papel fundamental das oficinas, para que esse menino seja inserido igualmente no ambiente tecnológico”, comenta o educador.

Julia Dias destaca o papel da criança como sujeito no processo de ensino-aprendizagem. “O mercado de trabalho vai exigir um sujeito crítico, criativo, autônomo. Daí a importância de colocar esse aluno em um contexto de experimentação.” Seja em uma atividade conectada ou em um exercício com papel, tesoura e lápis, as premissas do pensamento computacional estão presentes, “estimulando a capacidade criadora e a habilidade crítica”, conclui Julia.

Fonte: Porvir

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