Do laboratório à mesa: projeto de pesquisa do IFFar desenvolve alimentos sem glúten mais nutritivos e seguros
Projeto de pesquisa desenvolvido no Campus Santo Augusto alia ciência, inclusão alimentar e formação estudantil ao investigar melhorias na qualidade de alimentos sem glúten. A proposta busca beneficiar pessoas com desordens relacionadas ao glúten, promovendo saúde e acessibilidade nutricional.

Pesquisa do Campus Santo Augusto desenvolve alimentos sem glúten mais nutrivos e garante segurança alimentar através de análises laboratoriais rigorosas
O glúten é uma proteína naturalmente presente em cereais como o trigo, a cevada e o centeio. Ele é o responsável por conferir elasticidade e estrutura a alimentos como pães e massas, funcionando como uma espécie de “cola” que mantém os ingredientes unidos. Para a maioria das pessoas, o consumo de glúten é seguro e não oferece riscos. No entanto, algumas pessoas precisam evitá-lo devido a desordens específicas, como a doença celíaca ou a sensibilidade ao glúten. A seguir, conheça as principais condições relacionadas a essa proteína.

Fonte: FENACELBRA
Entre essas condições, a doença celíaca é considerada a mais grave. De acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), estima-se que a enfermidade afete cerca de 1% da população mundial. No Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas convivem com a condição, embora a maioria ainda não tenha recebido diagnóstico.
Diante da demanda nutricional cada vez mais crescente por produtos livres de glúten, surgiu no IFFar - Campus Santo Augusto, o projeto “Desenvolvimento e caracterização de produtos sem glúten”, coordenado pela técnica de laboratório Maria Fernanda da Silveira Cáceres de Menezes.
Os produtos sem glúten, embora essenciais para pessoas com alguma dessas condições, costumam apresentar baixo valor nutritivo e menor qualidade sensorial (aroma, cor ou sabor menos atrativos para os consumidores). A iniciativa busca reverter esse quadro, testando novos ingredientes e formulações que agreguem proteínas, fibras e segurança microbiológica aos alimentos (controle e prevenção da presença de microrganismos indesejáveis como bactérias, fungos, leveduras e vírus).
“Nosso objetivo é desenvolver produtos de panificação sem glúten que sejam enriquecidos nutricionalmente. É comum que esses alimentos tenham baixo teor de nutrientes, justamente pela ausência do glúten, então buscamos alternativas mais saudáveis e seguras, sem prejuízo do sabor”, explica Maria Fernanda.
Financiada com recursos do próprio IFFar, a pesquisa conta com a participação de dois estudantes: um bolsista do segundo ano do Técnico Integrado ao Ensino Médio de Alimentos, e um colaborador voluntário do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos.
O bolsista Tiago Artur Atuati conta que desde o início do ensino médio tinha interesse pela iniciação científica. “Sempre busquei uma oportunidade que se relacionasse com o eixo de produção alimentícia. Quando surgiu essa chance, me identifiquei de imediato”, ressalta. Hoje ele atua nas atividades laboratoriais do projeto e participou diretamente da formulação e dos testes do primeiro produto desenvolvido: um brownie proteico sem glúten.

Amostras do brownie proteico sem glúten produzidas durante a pesquisa | Foto: divulgação
A escolha do brownie foi estratégica. Por não depender do crescimento da massa, como ocorre nos bolos, a receita apresenta bons resultados mesmo sem o uso de glúten. “Não tivemos dificuldade quanto à textura ou ao sabor, mas o desafio agora é ajustar a quantidade de proteína para que o produto atenda à legislação como fonte proteica”, relata o estudante.
As análises realizadas no projeto, físico-químicas, microbiológicas e tecnológicas, são essenciais para assegurar a qualidade dos produtos desenvolvidos. As primeiras avaliam características como umidade e composição nutricional; as microbiológicas garantem a segurança sanitária ao identificar possíveis contaminações; já as tecnológicas observam aspectos como textura, conservação e estabilidade. Juntas, essas etapas ajudam a validar a segurança, o valor nutricional e a durabilidade dos alimentos sem glúten. “Eles previnem riscos à saúde e reforçam nosso compromisso com a qualidade”, destaca Tiago.
Para o bolsista, a experiência tem proporcionado uma verdadeira imersão na realidade dos laboratórios, aproximando teoria e prática. “O projeto me ajudou a ganhar confiança como pesquisador e ampliar a compreensão dos conteúdos do curso”.
As etapas da produção são realizadas nos laboratórios da instituição, que conta com infraestrutura própria. Segundo a coordenadora, a metodologia foi pensada para aproveitar os recursos disponíveis na instituição e ao mesmo tempo ser executável por alunos do ensino médio.
Além da proteína de soja, o projeto chegou a testar ingredientes como a batata-doce biofortificada e a ora-pro-nobis. Maria Fernanda diz que a escolha da batata-doce se deu por suas qualidades nutricionais e pelo histórico de pesquisas desenvolvidas no próprio campus, cujos resultados demonstraram seu potencial tecnológico e valor nutritivo na produção de alimentos. Já a ora-pro-nobis foi incluída inicialmente pelo alto teor de proteínas, mas precisou ser retirada da formulação após a Anvisa suspender seu uso como suplemento alimentar, por falta de comprovação científica. A equipe agora investiga novas fontes de proteína vegetal e animal para compor as próximas receitas.
O brownie proteico já foi apresentado no Workshop Integrando Saberes e submetido à Jornada de Iniciação Científica do IFFar – Campus Santa Rosa. A proposta, segundo a coordenadora, é seguir aprimorando a formulação e, no futuro, expandir a linha de produtos. Ainda sem parcerias externas, o projeto busca oportunidades de colaboração com o setor produtivo para transformar os resultados em soluções reais para o mercado de alimentos funcionais.

O estudante e bolsista Tiago Atuati durante apresentação do brownie proteico sem glúten no Workshop Integrando Saberes
Além dos resultados científicos, a iniciativa tem promovido uma formação mais crítica e engajada entre os estudantes envolvidos. “Participar de uma iniciativa como essa amplia a visão de mundo e o preparo profissional dos estudantes”, destaca Maria Fernanda. Tiago compartilha do mesmo sentimento. “Pretendo seguir na pesquisa. Vejo nela um caminho de aprendizado contínuo, inovação e contribuição social”.
Importante saber: Nem todo mundo reage da mesma forma ao glúten. Só um médico pode identificar se você tem algum problema e indicar o melhor tratamento. Evitar o glúten por conta própria pode esconder sinais importantes, dificultar o diagnóstico e até causar falta de nutrientes. Antes de mudar sua alimentação, procure um profissional da saúde na Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua casa.
Secom
Redação: Daniele Vieira - Estagiária de Jornalismo
Arte: Bruna M. Bulegon - Diagramadora
Revisão: Rômulo Tondo - Jornalista
Colaborador: Elisandro Coelho - Relações Públicas
Do laboratório à mesa: projeto de pesquisa do IFFar desenvolve alimentos sem glúten mais nutritivos e seguros
Projeto de pesquisa desenvolvido no Campus Santo Augusto alia ciência, inclusão alimentar e formação estudantil ao investigar melhorias na qualidade de alimentos sem glúten. A proposta busca beneficiar pessoas com desordens relacionadas ao glúten, promovendo saúde e acessibilidade nutricional.
Jeif 2025 encerra com espírito de união e celebração no IFFar
A 13ª edição dos Jogos Estudantis (Jeif 2025) chegou ao fim deixando mais do que troféus e medalhas. Deixou lembranças de encontros, superações e amizades que cresceram dentro e fora das quadras.
IFFar e Ulbra alinham trâmites finais para formalização da adjudicação do campus
Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira (17), representantes do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e da Ulbra Santa Maria trataram do processo formal de adjudicação do campus pela União e dos documentos que serão encaminhados à Secretaria do Patrimônio da União no Rio Grande do Sul (SPU-RS).
Projeto do IFFar ensina português e acolhe imigrantes e refugiados na região Noroeste
Iniciativa do Campus Panambi desenvolve aulas acessíveis e articula uma rede de apoio interinstitucional. O projeto Além-Fronteira, promove inclusão, cidadania e novas oportunidades para quem recomeça a vida longe de casa.
Nota de pesar à UFPA

O Instituto Federal Farroupilha (IFFar) manifesta profundo pesar diante da tragédia ocorrida na madrugada desta quarta-feira, 16 de julho, na BR-153, em Porangatu, norte de Goiás, envolvendo um caminhão e um micro-ônibus com integrantes da comunidade acadêmica da Universidade Federal do Pará (UFPA).
IFFar sedia reunião de trabalho com municípios para fortalecer a governança do Geoparque Raízes de Pedra
O IFFar sediou na última terça-feira, 15 de julho, uma reunião com representantes dos municípios que integram o Projeto Geoparque Raízes de Pedra. Realizado no Auditório da Reitoria, em Santa Maria, o encontro teve como objetivo central reorganizar a governança do projeto e estruturar um grupo de trabalho voltado à obtenção da certificação de Geoparque pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Curso de Administração e Projeto Bicho Amigo mobilizam a comunidade castilhense durante o 4º Encontro de Carros Antigos

De Manaus ao IFFar FW: a travessia de Jovane em busca da educação
No universo de possibilidades que a educação oferece, há histórias que se destacam pela força do propósito. A de Jovane Ferreira Júnior é uma delas. Vindo de Manaus, capital do Amazonas, ele traçou um caminho incomum ao cruzar o país em busca de um objetivo que cresceu em Frederico Westphalen, no campus do IFFar.
IFFar lança edital de apoio à publicação de e-books para servidores da instituição
O IFFar, por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPPGI), lançou o Edital nº 304/2025, que oferece apoio à publicação de livros em formato digital (e-books).
Redes Sociais