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IFFar

O IFFar Campus Alegrete recebeu no mês de abril a acadêmica Tânia Filipa Fernandes, pós-graduanda do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), de Portugal. A mesma esteve inserida ao longo do primeiro semestre letivo de 2019 no curso superior de Bacharelado em Zootecnia, além de realizar o propósito de sua pesquisa no Brasil, parte de seu Mestrado em Educação Ambiental. Tânia retornou para Portugal no dia de 13 de julho.

Tânia Filipa Fernandes

Foto: Intercambista do IPB, Tânia Fernandes.

 

Além das atividades já citadas, Tânia também ministrou uma palestra aos acadêmicos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas intitulada “Conversas con(s)ciência: alimentação sustentável – as escolhas do consumidor na compra de alimentos”, cuja temática está relacionada a sua pesquisa de mestrado.

A vinda da intercambista Tânia foi possível através do primeiro acordo de mobilidade estudantil entre o IFFar e o Instituto Politécnico de Bragança, assinado no ano de 2012, quando o prof. Otacílio Silva da Motta representou o IFFar em Portugal.

A integrante do corpo editorial do Boletim Informativo da Diretoria de Pesquisa, Extensão e Produção (DPEP) do Campus, Nathalia Mesquita Veronezi, aluna do 4º semestre do curso superior de Bacharelado em Zootecnia, que teve um convívio assíduo com a intercambista, realizou uma entrevista com Tânia.

 

Confira a seguir a entrevista concedida por Tânia Filipa Fernandes (IPB) ao IFFar Campus Alegrete:

 

1) De onde vens? Qual a diferença mais marcante entre as culturas de lá em comparação ao Brasil?

Venho de uma pequena aldeia do interior norte de Portugal, Paradinha Nova, que pertence ao distrito de Bragança. E quando digo pequena, é mesmo pequena, nem chega aos 100 habitantes. Quando cheguei ao Brasil, o que mais me marcou foi o fato de não ser possível, em certos parâmetros, comparar o Brasil com Portugal, falo de escalas a nível de distância, por exemplo: têm noção de que Portugal praticamente cabe dentro do estado do Rio Grande do Sul?

 

2) Qual sua formação?

Formei-me em Ciências e Tecnologias do Ambiente pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, depois decidi fazer o mestrado em Educação Ambiental, pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança.

 

3) O que veio fazer no Brasil? E como veio parar em Alegrete?

Os Institutos e Universidades não estão isolados no mundo. É normal que existam protocolos de cooperação entre instituições de ensino superior que permitam o desenvolvimento de relações entre as instituições de modo a que evoluam e cresçam. Assim, em Portugal é normal um aluno ir passar um semestre fora do país. Se for na União Europeia, o programa é de “Erasmus”, se for fora é de “Mobilidade Internacional”. No meu caso, vim para o IFFar – Campus Alegrete porque já tinha existido alguém daí que tinha estado no IPB (Professor Otacílio Silva da Motta). Assim, vim para o Brasil recolher dados para a minha dissertação de Mestrado.

 

4) E por que o Brasil?

Por que não? A língua ajuda claro, mas não é o único motivo. Um sistema de educação diferente do Português acaba por ser um desafio, mas a própria cultura brasileira, o modo de estar e ser do povo brasileiro são o maior desafio. E claro, é quase como estar em casa.

 

5) Como está sendo sua estada?

A minha estada foi boa. Ser a primeira aluna estrangeira, ou pelo menos a primeira num programa de Mobilidade Internacional, é estranho, mas alguém tem de o ser, não é verdade? Mas recomendaria que colocassem os futuros intercambistas junto com os colegas, sempre que tal seja possível, de modo a que seja mais fácil a assimilação da cultura do local.

 

6) Na sua pesquisa, quais são os objetivos?

A minha investigação tem como tema a Alimentação Sustentável, na vertente das escolhas do consumidor aquando das suas compras de alimentos. Este projeto será definido pela seguinte questão: Quais os fatores que determinam as escolhas individuais na compra de alimentos? A resposta à questão apresentada será orientada através dos objetivos do estudo, apresentados em seguida, que nos permitem conhecer quais os aspectos que os consumidores têm em consideração quando compram os alimentos, identificar práticas do consumidor associadas à compra de alimentos, bem como identificar se características sociais individuais influenciam a compra de alimentos por parte dos consumidores.

 

7) Qual seu conselho para pessoas que tenham vontade de conhecer o Brasil, tanto para estudo quanto para turismo?

O meu conselho para quem quer conhecer o Brasil, seja para lazer ou estudos, é ir com todos os documentos preparados, e de mente aberta e com educação e civismo. Quem não vai por causa das notícias que se ouve no estrangeiro, está a perder uma oportunidade. Gente má existe em todo o lado, mas está balanceado pela gente boa que existe, e posso dizer que os brasileiros que conheci e com os quais convivi durante a minha estada são todos nota 10! Claro que quando se vai a um país estrangeiro, devemos aproveitar para conhecer aquilo que o caracteriza, mas ter sempre respeito pelas pessoas e costumes que é normal serem diferentes dos nossos. Se achamos que algo está errado, comparando com o nosso país de origem, devemos tentar perceber o que se passa antes de tirar conclusões precipitadas.

 

8) E qual seu conselho para brasileiros que queiram conhecer Portugal, também tanto para turismo quanto para estudo?

Aos brasileiros que queiram vir a Portugal, quer por motivos de turismo, ou de estudos, se forem necessários documentos, trazê-los. Devem ter em conta que Portugal é burocrático de tal modo que nem os portugueses aguentam, mas ignorando essa parte, é virem com educação e bons modos e aproveitarem enquanto cá estão. Não esquecer que Portugal não é o Brasil, claro, portanto vão ser vividas situações que podem ser consideradas estranhas e que para nós são normais.

 

9) Que tipo de aprendizado você vai levar daqui? E qual recado tu pretendes deixar para nós brasileiros?

O que eu trago da minha estada aí são as relações entre alunos e professores (isso não se vê muito em Portugal), que permitem que o aluno tenha maior apoio por parte dos seus professores em tempo real e útil para o seu percurso escolar. No IFFar – Campus Alegrete pareceu-me que existem formas concretas que são facilmente visíveis de ajuda para os alunos. Acham que em Portugal alguém se vai preocupar com o fato de um aluno não conseguir pagar as passagens de ônibus para ir para a faculdade? Enquanto o aluno português tenta conseguir uma bolsa de estudo pode muito bem ter de abandonar o curso, e por mais ajudas que existam, podem demorar a chegar.

Por isso o meu recado para todos vós é que pensem em quantos das vossas famílias conseguem tirar um curso superior? Provavelmente, o aluno que está a ler isto é o primeiro da família a ter a possibilidade de estar no ensino superior e com sacrifícios por parte do resto da família, portanto enquanto estão no superior, aproveitem o conhecimento que vos é transmitido, mas não o tomem como se fosse uma verdade absoluta. Façam perguntas, mesmo que pareçam estúpidas. Perguntem aos professores, a palestrantes, aos vossos colegas. Não fiquem satisfeitos com a resposta “Porque sim!”; é um sinal de ignorância.

Aproveitem as oportunidades que vos são oferecidas, saiam da vossa zona de conforto e aprendam com os erros enquanto existe algum tipo de suporte.

 

Intercambista Tânia e Prof. Otacílio

Foto: Retorno de Tânia para Portugal, no dia 13 de julho.

Foto de Otacíllio Silva da Motta

 

Atividades na LEPEP de Bovinocultura de Leite

Foto: Interação da intercambista nas atividades da LEPEP de Bovinocultura de Leite.

Foto de Carla S. Viana de Campos

 

Texto: Carla S. Viana de Campos e Nathalia Mesquita Veronezi, revisado pelo Gabinete da Direção Geral.

Publicado em Notícias Alegrete

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  • 07/08/19
  • 22h03
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